quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

PICOLÉ DE LIMÃO

Tantas são as aventuras de nossas vidas. Tantas passagens, tantas lembranças, saudades. Mas relembrar faz bem, faz com que nos enxerguemos de um jeito novo. Propicia a constatação de mudanças, de evoluções quase inevitáveis em nós. Somos o que somos. Somos a construção daquilo que o tempo moldou, que mãos invisíveis esculpiram. Numa rápida viagem, passamos de crianças a adultos, de inocentes a astutos, de sonhadores a incrédulos, de brincalhões a sérios...Mas a vida exige tudo isso. Que bom que podemos recordar e reviver histórias, que podemos olhar fotografias e perguntar: sou eu aqui??? É muito bom...
Muitas vidas cruzaram as nossas. Muitas situações, muitos sorrisos, lágrimas. Temos a capacidade de ir e vir quantas vezes quisermos lá do passado. Quem disse que não existe máquina do tempo?? Podemos neste instante ir parar em algum Natal, em alguma Páscoa lá de 198...Podemos ser personagens novamente de verões, de invernos, de passeios, brincadeiras. Rir de situações que nos deixou com medo. Somos livres para pensar no que quisermos, de mudarmos o rumo em que nos encontramos. A liberdade existe dentro de nós!
Talvez em algum momento de nossa existência perguntas quase nos enlouqueçam, que a saudade quase nos destrua e que a lamentação seja constante. Isso é comum. Mas na verdade o que buscamos em nossos futuros está atrelado ao que fizemos no passado. Como diz o ditado: “Colhemos o que plantamos.” Devemos, sim, pensar no ontem, repensar no hoje e colher bons frutos amanhã.
Dia desses, estava lembrando uma certa Cantina Bonelli, de um finalzinho de tarde de um fim de verão. De uma despedida de férias escolares, marcando uma nova etapa de vida. Eu deixava de ser criança. Olhei fundo aquele horizonte tão lindo, tão cheio de restos de sol. Para mim parecia o fim do mundo, o medo do futuro me assolava o coração, teria que deixar as brincadeiras de lado, pensar mais nos estudos, nos planos que deveria começar a fazer. Eu, ali, atônita, já conversava comigo mesma, já ensaiava palavras bordadas com o lirismo do mundo e meu pai com a singeleza que lhe era aparente, sem desconfiar das minhas dúvidas e de minhas fraquezas perante o mundo, mandou-nos até uma certa Cantina Bonelli para findar as férias e saboreamos um picolé de limão.

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